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Magnum, Parada GLBT e Harvey Milk – Feliz Dia dos Namorados!

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É inevitável dizer: estamos imersos.

Imersos, após uma onda veloz e silenciosa de mudanças caóticas. Mas é bom lembrar que do caos surge o progresso.

Foi com um misto de surpresa e satisfação que assisti ao comercial da tradicional e conhecidíssima perfumaria O Boticário: dois casais homossexuais presenteando-se, no Dia dos Namorados.

Notável a chegada dos “respingos” da tal “onda” à telinha, em horário nobre – horário da “família brasileira”.

“VRÁ!” – O bafafá veio pronto. A rede sacudiu: “É uma ofensa à família!”, disseram – “Finalmente a mídia acordou”, pensei.

Sem entrar pela porta estreita do tradicionalismo dessa discussão, voltemos à maré alta:

Alguns soltaram fogo pelas ventas, enquanto muitos estavam prevenidos. Ah! Há quanto tempo eu queria ver toda forma de amor ser engolida pela garganta espinhosa dos que amam mal!

No dia quinze de Maio, no Festival de Cannes, o Sorvete Magnum veio esbofeteando com sua nova campanha: ”Be True To Your Pleasure” (“Seja fiel ao seu prazer”) – trazendo como protagonistas, três figuras fascinantes: James, Gregory e Blake, ao som de uma versão sensual de “Umbrella”, interpretada por Mechanical Bride, exibindo seus lugares mais prazerosos enquanto degustam um Magnum. Outros três vídeos contam um breve relato de cada uma dessas personalidades destacadas no filme principal.

 

“Este filme celebra as maneiras que um grupo específico de indivíduos abraça seu prazer pessoal de uma forma particularmente corajosa, em um esforço para inspirar e incentivar todas as pessoas a ser fiel a seu prazer” – palavras de Sophie Galvani Vice-Presidente da Marca Global Brand – Unilever, Magnum e Fruttare.

Não é explícito, nos vídeos, como as estrelas se definem – transexuais, travestis ou drag queens, por exemplo -  e é esta, exatamente, a ideia da campanha: mostrar a pluralidade de caminhos.

Dia 7 de Junho, tivemos em São Paulo a famosíssima Parada Gay – que reuniu milhares de participantes. A Avenida Paulista ficou repleta. Teve até artista estrangeiro. Vai dizer que não vê a força que tem esse movimento? – E gritou o ícone: a trans que vestiu fantasia de Jesus e foi “crucificada” no desfile, Viviany Beleboni, e que foi “crucificada” pelas palavras hostis das redes sociais.

A revolta estampada nas redes sociais foi imediata – Que novidade…

E embora as notas de repúdio tenham sido produzidas com rapidez, alguns comentários que busquei ler realmente me fizeram respirar fundo e pensar: “Uma hora vai dar certo…”.

Uma das reflexões mais incríveis que li, foi de uma amiga de infância, Gabriela Bueno. Ela vem de família católica bastante tradicional, e desde pequena sabe muito sobre a Bíblia.

Dentro de suas palavras, as que mais me tocaram:

“Há de se concordar que não é algo “fácil” de ver, isso dói, incomoda. Então, esse foi o objetivo, não é? Há mais de mil anos atrás, a cruz era usada como um modo de exterminar e torturar as pessoas que não pensavam como os grandes sacerdotes e governantes do oriente, os transgressores. Jesus foi considerado um deles. Jesus andou com prostitutas, bandidos, leprosos, dava atenção a todas as pessoas exiladas pela sociedade da época. Ele era uma ameaça porque pregava o amor acima de todas as coisas.

Jesus foi só um dos crucificados, muitos outros também foram; alguns apóstolos também. O POVO crucificou Jesus. E o POVO continua crucificando pessoas.
Se pensarmos na sociedade em que vivemos, onde Jesus está?
Está nas mulheres que são estupradas e espancadas, nas mães solteiras, nos desempregados, nas crianças que foram presas roubando pra ter o que comer, nos mendigos que são invisíveis a todos que passam, e nos homossexuais, principalmente neles.”

Ah! Quanto essas palavras resumem as últimas discussões acaloradas! Maioridade penal, violência familiar, invisibilidade da mendicância, luta pelo direito dos gêneros; e quão maravilhoso é o amor sendo percebido e descrito assim: sem limite, sem fronteira, sem barreira, sem pré-definições, sem ser ridicularizado – apenas acolhido.

O amor praticado é a origem de todos os outros bons sentimentos que tanto faltam nas relações hoje: o respeito, a paciência, a compreensão…

Espera, não foi Jesus que disse “Amarás teu próximo como a ti mesmo”?

Enfim.

A luta pela igualdade não é nova e todos sabem – mas eu não só preciso como necessito citar um nome admirável.

Harvey Milk.

Já sendo um pouco ciente de sua história, assisti ao filme que retrata a vida política de Milk (com a inebriante interpretação de Sean Penn) sem perceber que tanto se encaixaria no contexto que os dias seguintes trariam.

Primeiro político abertamente gay a ser eleito nos Estados Unidos, como Supervisor da cidade de São Francisco, Milk foi filho da Contracultura dos anos 60.

Nos anos 70, aos quarenta anos, mudou-se para a Califórnia – mais precisamente São Francisco, Rua Castro – e foi lá que redescobriu-se. Percebeu que a migração dos hippies e homossexuais para a região era grande e que isso influenciou o crescimento econômico local – e estes fatores juntos poderiam resultar no destaque que precisavam para uma união agradável na luta de seus direitos.

Milk exerceu o mandato por onze meses e foi responsável pela aprovação de uma rigorosa lei sobre direitos gays para a cidade. Em 27 de novembro de 1978, ele e o prefeito George Moscone foram assassinados por Dan White, outro supervisor da cidade, que tinha recentemente renunciado, mas desejava seu posto de volta. Conflitos entre as tendências liberais que foram responsáveis pela eleição de Milk e a resistência conservadora a essas mudanças foram evidentes nos acontecimentos seguintes aos assassinatos.

Apesar da sua curta carreira na política, Milk se tornou um ícone em São Francisco e um “mártir dos direitos dos gays”.

De acordo com o professor da Universidade de São Francisco, Peter Novak, em 2002, Milk foi chamado de “o mais famoso e mais significativo político abertamente LGBT já eleito nos Estados Unidos”.

Anne Kronenberg, a sua última gerente de campanha, escreveu sobre ele: “O que diferenciava Harvey de você ou de mim era que ele foi um visionário. Ele imaginou um mundo virtuoso dentro de sua cabeça e, em seguida, ele tomou providências para criá-lo de verdade, para todos nós”.

E hoje, quase quarenta anos depois…

Hoje… O que temos pelas ruas e pelos meios de comunicação é, finalmente, o efeito de anos de luta, de espera, de agonia, de incontáveis mortes.

É uma Ode à Liberdade – só que não mais cantada por vozes abafadas, mas sim gritada, esfregada na cara, e pintada de colorido.

Fontes:

http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/sorvete-magnum-lanca-campanha-com-transexuais

http://www.adnews.com.br/publicidade/magnum-ousa-e-lanca-campanha-protagonizada-por-drag-queens

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/06/parada-gay-reune-milhares-em-sp.html

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/06/representei-dor-que-sentimos-diz-transexual-crucificada-na-parada-gay.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Harvey_Milk

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